segunda-feira, setembro 27, 2010

Sobre o tempo...

O tempo está aqui, daqui a pouco está lá.
O tempo vai, porém não volta.
E todos te alertam que o tempo voa, porém tu não quer voar, tu quer estar á espera do tempo.
do tempo que passa, do tempo que se vai...
Pois muitos depositam a sua crença no tempo, na solução que ele trará. Mas e se o tempo vier sozinho?
o tempo que não te espera, o tempo que corre de ti...
Os dias vão se desdobrando mais rápido e tu espera no tempo, um novo tempo.
Então todos buscam mais tempo e culpam ele por não conseguirem alcançar o que precisam.
O tempo que vem te trazer virgulas, quando tu acha que é hora do ponto final.
Os dias não são os mesmos, o tempo mudou e os anos aceleraram os seus meses...
E o tempo está indo, escapando por entre os teus dedos...
Quando o tempo se for, não há mais tempo pra ti.
E o tempo vai... Ele vai ir sim...
Mas tu não quer enxergar a noite recolhendo o sol, tu só quer mais algum tempo...
Pra acertar os erros, pra fazer o que nunca fez, pra sorrir como nunca sorriu
Mas não vai dar tempo, por que o tempo tá sem tempo...
E não adianta mais esperar no tempo, por que ele não quer te esperar, ele tá indo..
O tempo que evapora, o tempo que logo vai embora...
E tu está aí de braços cruzados esperando o teu tempo chegar
Teu tempo chegou, quando tu chegou.
O tempo está aí, mas logo está indo embora..
O tempo que voa, o tempo que passa...
o tempo que um dia levará consigo um fôlego que de tanto tempo, passou do tempo...

segunda-feira, setembro 13, 2010

Tens aí todas as chaves?


Buscamos as chaves dos corações, chaves para abrir infinidades de escuridão, entrar nos quartos ocultos, abrir as janelas e pedir pra luz entrar. Vivemos buscando algo melhor do que encerrar a vida batendo papo á toa na barbearia da esquina. Buscamos a liberdade quando nos julgamos crescidos e depois queremos que alguém segure nossas asas, pois já sabemos que vamos voar novamente para a dor. Passamos muito tempo encontrando pessoas, conquistando-as, tornando-as responsáveis por parte das nossas respostas e conhecedores das nossas grandes perguntas, e um dia você percebe que a pessoa que te falta você ainda não conhece e talvez nunca conheça. Às vezes somos lúcidos e acabamos nos entregando a loucos. Cada um com seu sabor preferido, seu gosto favorito. Então um dia tu se olha no espelho e pergunta: É só isso? Talvez alguma lágrima role, talvez não.
E então seguimos buscando a perfeição, continuamos com a sede de ser melhor, não por si mesmo, mas para superar o vizinho. Continuamos buscando encobrir as cicatrizes e contatar-se com o passado, buscando chaves para abrir pensamentos encadeados, procurando as entradas das mentes, as dores dos peitos feridos. E alguns sentarão nas varandas se perguntando se a velhice já chegou, outros caminharão até as velhas raízes e seguirão fazendo o mesmo de ontem e por certo o igual ao anteontem também, outros estarão desesperados tentando ganhar o amanhã e alguns felizes por conseguirem sorrir no hoje.
E assim o sol escurece pra lua clarear e vem mais uma noite em que alguns estarão chorando e outros lamentando ter que recostar a cabeça mais uma vez sem ter nas mãos a chave que busca. Chaves dos amores, chaves dos sorrisos. Alguns sentirão a lágrima cair e terão raiva não dos dias de tristeza que já passaram, mas sim dos de alegria, pois são eles que fazem a lembrança do que deixaram para traz ser ainda mais dolorida. Buscarão nos pensamentos passados encontrar um motivo para sorrir no presente. E alguns apenas estarão dormindo na paz do vento que acaricia as janelas, sem ter o que pensar ou lamentar.
Mas quando a lua voltar a ser escura e o sol iluminar, todos enxugarão as suas lágrimas e colocarão chaves nas suas mágoas e então provavelmente se esconderão nos sorrisos e na rotina e seguirá a busca atrás das chaves, atrás do que se quer. Alguns conseguirão, outros não.
E no fim as chaves estiveram sempre ali ao teu alcance, mas tu nunca enxergaste... Talvez teus olhos estivessem fechados, talvez a tua própria vontade de acertar sempre tenha te tornado um ser que está aí, mas apenas existe, não vive. Não encontra as chaves, não convence mentes, não se torna dono de corações, não é capaz de roubar verdades.
E assim alguns beberão até a mente se esquecer que já perdeu o seu coração. Gente falará de gente, até manter calma a sua mente. Idosos contarão antiguidades e evitarão entender a própria modernidade. Curiosos debruçarão nas janelas querendo saber se a vida dele era mesmo só isso. Outros estarão no aconchego da mansão, gozando de toda a pobreza que há na sua mente. E então todos falarão de todos, todos sorrirão, todos chorarão e ficarão todos juntos e ao mesmo tempo distantes a espera do dia em que o sol se for pra não voltar mais e provavelmente estarão se perguntando: - Eu tenho em minhas mãos todas as chaves que preciso?

Alguns sim, muitos não.