quinta-feira, outubro 28, 2010

O que te mantém aqui?

Se a paz foi sufocada, se o amor tá numa emboscada.
Se o tempo é o agora, se a vida não demora.
Se agora o sentimento não presta, se a calma tá com pressa.
Se o status é o que define, se a vida é uma vitrine.
Se a direção não sabe mais o caminho, se a emoção não tem destino.
O que te leva em frente? O que te faz acreditar num amanhã contente?
Se os amigos ficaram pra trás, se o dinheiro é o que te torna capaz.
Se os corações estão doentes, se as almas estão carentes.
Se o sorriso é consequência, se a prostituição é experiência.
Se a felicidade é complicada, se alcança-la é uma enrascada.
O que te impulsiona pra seguir nessa estrada?
Se o tempo de chuva não passa, se até quem procura não acha.
Se as disputas são por um nome, se não toca mais o telefone.
Se a surpresa é desnessária, se a verdade tá fora de área.
O que te faz acreditar no amanhã?
A resposta deve estar em raros amores que não se acabaram
em grandes dúvidas que alimentam o resto de esperança
em pequenos sorrisos mal valorizados que alimentam o coração
em grandes dores que estão nos olhares, caracterizando a sinceridade
em pequenos "eu te amo" susurrados ao vento
em grandes arco-íris que um dia talvez virão...
não ao mundo, mas talvez alcance o teu coração.

terça-feira, outubro 12, 2010

A solidão era sua única companhia...



Eu amava amar o meu amor... Eu sorria pelos sorrisos do meu rosto jovial...
Eu achava que a utilidade dos meus braços era limpar o nariz, criança boba!
Eu era eu... Eu me possuía... Eu era dono de mim!
Criança dona da inocência!
Mas os dias fugiram de mim, e confesso que também fugi um pouco deles...
Eu tinha alguns sonhos e carregava-os nas entranhas da minha alma...
Mas estranho, eles sumiram... Evaporaram e eu não fiz nada para segura-los.
Adolescência perdida!
Eu me entreguei por inteiro, nunca pela metade... Eu falava sem abrir a boca
Eu julgava-me felizardo, por ter alguns amigos eternos que nunca mais vi.
Eu jurei que te conhecia, estranho mundo...
Juventude roubada!
Eu era adulto, num piscar um pouco lento dos olhos...
Eu tinha dinheiro, uma casa, muitos amores e a suposta felicidade.
Eu era bem mais... Eu fui tudo pra alguém que era nada
E assim corri de riscos que temia correr.
Adulto superficial!
Eu era tudo, mas no fim... Nunca fui nada!
Hoje sou só um velho infeliz, caminhando para onde minhas pernas me carregam.
Não tenho o superficial, então não tenho nada...
Velhice entregando-se ao nada!
Eu arrependo-me das cartas que ficaram esquecidas em minhas gavetas.
Eu entrego-me ao desgosto dos sorrisos que não sorri.
Eu disfarço-me sobre essas camuflagens de dor.
Mas no fundo, todos já sabem que sou um velho solitário...
Indo de lá pra cá, de cá pra lá...
Tentando entender por que só moças bonitas estão nas vitrines.
Tentando compreender o sentido da rotina.
Tentando perceber onde está o sentimento de todos.
Assim percorro as ruas do meu ser, buscando o sentido do meu sobreviver.
Alguém que se conhece melhor nas fotos de trinta anos atrás, do que no espelho de hoje.
Chegou o dia em que observei o meu reflexo e perguntei:
- Então era só isso que eu tinha pra viver?
Viver não, existir...
Eu... Um velho pouco distraído e com muito medo de que todos terminem como eu...
Bebendo meu velho álcool, conversando comigo mesmo por estar só.