terça-feira, dezembro 14, 2010

Não, você não sabe

Todos os problemas são simples, até que se tornam teus.
Todas as paixões são um sentimento bobo, até que você se apaixona e então alguém vai olhar pra ti e pensar: Que coisa simples de se consertar, de arrumar, de colocar fora, de dispensar.
Todo adeus é fácil de superar, até a hora em que quem você ama tem que partir.
Toda solidão pode ser preenchida, até que quem você necessita não esteja por perto, e você se inclui na multidão, mas continua só.
Todas as respostas são simples, até o momento em que você se enche de perguntas.
Toda a situação se resolve com um sorriso no rosto, auto-estima e coragem; realmente são coisas bonitas pra se dizer a um amigo com problemas, com a dor de uma perda, com o coração partido. É legal e um tanto gentil de sua parte, bater no ombro de quem você se preocupa e dizer que é melhor esquecer, deixar para trás, pisar em cima. Já era!
E quem sabe você até diga: Eu sei como você se sente
Não
Você não sabe
Até que passe por aquele momento, até que sinta lágrimas escorrerem ardendo pelo teu rosto, até que deite chorando e amanheça do mesmo jeito, até que fique horas esperando um telefone tocar, um novo email, o carteiro bater na porta. Até que necessite desesperadamente de uma resposta, de uma companhia, de um abraço, de ouvir uma voz, de se conformar com uma despedida.
A dor é simples pra ti, então alguém esmaga teu coração
O medo é bobagem segundo tua opinião, até que você se perde no escuro
Quando realmente souber como é sentir dor, saberá também que as palavras evaporam, que ninguém pode substituir a pessoa que você precisa, que a dor é tua e ninguém sabe como você se sente, que as vezes uma companhia silenciosa é imensamente mais gratificante do quê um punhado de conselhos de alguém que não sabe como você se sente, mas faz de conta que entende perfeitamente teus problemas e te manda caminhar, seguir em frente, não parar nunca.
É?
Não parar nunca?
Quanta ilusão...
É preciso parar quando a fraqueza é maior do que a vontade de vencer.
Até que um telefone toca, uma carta chega, um beijo acontece, um táxi estaciona, um buquê de flores aparece na tua varanda, um olhar te reconquista, um encontro acontece, um “olá” encobre um “adeus”, um sussurro te arrepia...
E então você se liberta, pisa na sua dor e atira pela janela
Só não venha me dizer que já é hora disso acontecer, pode ser rápido ou bem lento
E de forma alguma você sabe como eu me sinto.

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